Você já assistiu a “Família
Dinossauros”? Então já deve ter ouvido as seguintes frases: “Querida,
cheguei!”; “Não é a mamãe” e “Eu sou o Baby, você tem que me amar!”. Em uma
reportagem especial, vou relembrar essa família pré-histórica e, além disso,
revelar algumas curiosidades sobre esse seriado que marcou a infância de muitas
crianças. Embora tenha um apelo infantil, a série não era tão simples como
parecia e tinha inúmeras mensagens subliminares embutidas nos capítulos com
críticas e ironias que são refletidas até os dias de hoje. A seguir, 27
aspectos para celebrar os quase 30 anos dessa turma. Vamos lá!
1 – “Família Dinossauros”, que na
verdade se chama “Dinossaurs”, estreou nos Estados Unidos em 26 de abril de
1991, na rede ABC. Ao todo, foram 65 episódios ao longo de quatro temporadas. O
último capítulo da série foi exibido no dia 20 de julho de 1994.
2 – O seriado é uma produção da
Disney Television em parceria com a Jim Henson Productions, que produziu os
bonecos que seriam as personagens – Jim Henson foi, por meio da companhia,
o responsável pela criação de “Os Muppets” e da “Vila Sésamo” além do seriado
da Família Sinclair -, e Michael Jacobs Productions. Jim, falecido em 1990,
criou o conceito, mas não viu a atuação dos dinossauros na TV.
3 – O seriado, embora de cunho
infantil, trouxe várias críticas ao modelo norte-americano de vida, conhecido
como “american way of life”.
4 – No Brasil, o título estreou na
Globo em abril de 1992 dentro do “Xou da Xuxa”, porém, meses depois migrou para
os domingos. Em 1993, tornou-se parte da “TV Colosso”, cravando índices
acima dos 20 pontos. Assim que a série chegou por aqui, a direção de dublagem
resolveu alterar alguns nomes para se aproximar de nossa cultura. Nos EUA, por
exemplo, os sobrenomes dos dinossauros faziam referência às empresas de
petróleo, como Sinclair, Hess, GP e Phillips. No Brasil, passou a ser Silva
Sauro, objetivando popularizar o produto diante do público.
5 – As personagens eram: Dino da
Silva Sauro, um chefe de família que trabalhava derrubando árvores; Fran, a
dinossauro mãe que botava ordem na casa; Bob (Robert da Silva Sauro, como
dizia), o filho todo estiloso com um cabelo punk e jaqueta vermelha; Charlene
da Silva Sauro, patricinha, uma adolescente que gostava de presentes e dinheiro
dos pais; Vovó Zilda, mãe de Fran, era sempre generosa com os netos, mas odiava
Dino; e, claro, a personagem mais carismática era o Baby, cujo bordões
marcaram: “Não é a mamãe”, “Você tem/precisa me amar” e “De novoooooo”. Os
trejeitos do bebê foram baseados no filho de Bob Yung, escritor e produtor do
seriado.
6 – O sucesso da família fez com que
a audiência da Globo disparasse. Junto com isso, aumentaram as publicidades e o
licenciamento de diversos produtos como chaveiros, camisetas, álbuns de
figurinhas (cerca de 40 milhões de figuras foram vendidas.
7 – Até um LP, intitulado “Baby
Mania”, foi gravado pelos dubladores Marisa Leal (Baby), Maria Helena (Fran),
José Santa Cruz (Dino), Miriam Ficher (Charlene) e José Leonardo (Bob). O
boneco do Baby vendeu milhares de unidades em 1992.
8 – Em 1995, a Globo tirou os
dinossauros do ar após repetir exaustivamente os episódios.
9 – Sem Globo, o bando de dinos
migrou para o SBT, em 2003, que detinha os direitos de exibição e passava a
turma da pré-história semanalmente. Em 2007, retornou pela telinha da Band, de
segunda à sexta, às 20h15. O seriado também bateu ponto nas tardes da emissora.
No canal Viva, detentora dos direitos de exibição, a “Família Dinossauros”
passou a ser exibida a partir do dia 21 de agosto de 2014, às 22 horas.
10 – O seriado contava a história da
Família Sinclair, Família Silva Sauro no Brasil, que representava uma típica
família dos Estados Unidos, embora fossem dinossauros vivendo como se fossem
humanos. Esses animais, aliás, tratavam os humanos como seres irracionais.
11 – Dino da Silva Sauro era da
espécie megalossauro, “o rei dos dinossauros, o lagarto trovão”, como tinha
orgulho de gritar. O gorducho era um operário comum que tinha uma rotina diária
com a esposa Fran e os filhos Bob, Charlene e o recém-nascido Baby Sauro.
12 – A trama se passava no ano de
60.000.003 a.C. (Sessenta milhões e três antes de Cristo) e mostrava uma
família como a de “Os Flinstons” e “Os Simpsons”. Como o seriado era “antes de
Cristo”, os anos se passavam de maneira inversa ao que temos o hábito de
contar.
13 – O patriarca, Dino, tinha 43
anos. Fran, a mãe, 38. Bob e Charlene tinham 14 e 12, respectivamente. Já Baby,
recém-nascido, tinha um ano de idade.
14 – As personagens eram movidos
eletronicamente. Os criadores resolveram utilizar uma tecnologia de animatronics, a
mesma usada no filme “As Tartarugas Ninjas”, para dar vida quase que real aos
bonecos por meio de controles remoto que eram manipulados por outras pessoas,
atrás das câmeras. O corpo era de atores vestidos de dinossauros em um ótimo
trabalho sincronizado entre eles e um computador que dava “vida” aos
dinossauros.
15 – A família Dinossauro foi
desenhada e modelada várias vezes até chegar ao formato que conhecemos pela TV.
16 – Quatro das personagens tiveram
suas espécies reveladas durante a exibição das temporadas. Dino é um
Megalossauro; Fran, um Alossauro; Sr. Richfield, um Tricerátops e Roy Hess é um
Tiranossauro Rex. Sobre Bob, há quem diga que ele tenha sido
um Hipsilofodonte (um herbívoro bípede que viveu no período Cretáceo), mas
nada de concreto foi dito durante a série como as personagens citadas
anteriormente. Mônica é tida como uma brontossauro.
17 – No capítulo “Black Widower”, do
desenho “Os Simpsons”, houve uma menção à “Família Dinossauros” quando Bart diz
que aquelas personagens da TV são uma “cópia de sua família”.
18 – Ocorria de alguns filmes também
serem parodiados em forma de homenagem, dentro da série, pelos produtores. Um
exemplo é “O Exorcista”, que traz Baby desobediente no episódio “As Terríveis
Crianças de 2 Anos”. Em uma menção direta ao filme, há uma cena em que um padre
vem atender ao chamado dos pais e uma papinha verde é jogada no rosto dele pelo
bebê dinossauro. Além disso, um livro pega fogo e Baby vira a cabeça em 360
graus. Outra menção da família está no episódio “Conduzindo Miss Zilda”, em uma
cena onde Dino e Zilda são abordados por um dinossauro feroz com direito a
baforada no espelho do carro e o copo tremendo junto aos passos do grandalhão.
19 – Como a previsão era de que o
seriado ganhasse vida por mais de uma temporada, as roupas foram confeccionadas
a mão, com materiais resistentes e, consequentemente, pesados. Cada dinossauro
era único e possuía características físicas próprias no rosto, corpo e patas.
Os atores vestiam uma “máscara-capacete” que era feita com espuma de látex em
um crânio de fibra de vidro. Esse capacete possuía 26 servomotores pequeninos
que movimentavam os olhos, boca, sobrancelhas e testa. Dentro da cabeça tinha
espaço para o microfone que captava a voz real do ator. Além disso, existia um
fone de ouvido para que ele recebesse os comandos do diretor. Cada roupagem era
complexa que demorava média de 16 semanas para ser produzida. O ator dizia as
falas e andava pelo cenário enquanto que, atrás das câmeras, as expressões
faciais eram administradas a distância, com uma luva especial conectada a um
computador. Cada movimento feito pelo controlador da marionete era interpretado
por um software e enviado, via ondas de rádio, à máscara. Para não se ter problemas
com as roupas e demais equipamentos, a cada mês de gravação era necessário
tirar um período de folga para a manutenção de todo o sistema. O conjunto da
roupas era tão pesado que, às vezes, os atores cochilavam vestidos, durante as
gravações, para evitar tirar a roupa e recolocá-las tamanha era a dificuldade.
20 – Temas polêmicos foram abordados
dentro da série como anabolizantes, no episódio “Bob Musculoso”, em que o rapaz
compra de maneira ilegal e ingere as substâncias proibidas para tentar se dar
bem com as garotas da escola. Uma crítica aos adolescentes da época. No
entanto, Bob acaba tendo que lidar com os efeitos colaterais além de ser
rejeitado por seu flerte. No episódio “A última tentação de Zilda”, o seriado
trabalha com a vida pós a morte. Vovó Zilda vira uma estrela de TV após voltar
da morte com desejo de contar tudo em um programa da televisão. Em outra
circunstância, em “O Dia do Arremesso”, a família debate se deve ou não jogar
Zilda Phillips no poço de piche por ser uma tradição milenar sacrificar os mais
velhos para que não atraiam predadores por causa da idade. Já em “Georgie tem
que morrer”, Dino está cansado de ver Baby fascinado por uma personagem de TV
que se parece com o “Barney” (ironia com o dinossauro cor-de-rosa). Dino,
então, veste-se como o hipopótamo da TV para fazer Baby parar de ver aquilo,
mas é acusado de plágio. Na prisão, Dino recebe uma lição de moral e Georgie
mostra sua verdadeira face capitalista. Em “A troca de bebês”, o assunto
envolve a família em uma confusão quando suspeitam que o ovo de Fran pode ter
sido trocado na maternidade durante a gestação. A alusão é completa à troca e
roubo de crianças. “Espécie em Extinção” mostra o consumo exagerado de
Mico-Anão, um pequeno animal que é o prato predileto dos dinossauros. Dino
consegue as últimas duas espécies da terra para comemorar seu aniversário de
casamento com Fran, mas Bobo tenta salvá-los. Em “A Escrava da moda”, Charlene
é vítima do consumismo e rouba seu pai para comprar um casaco e, por conta
dele, acaba abandonando sua melhor amiga. “A cauda de Charlene” insere a
puberdade no assunto do seriado e mostra a adolescente com seus primeiros
sinais de desenvolvimento sexual com o esperado crescimento da cauda. Já em
“Música do pântano”, Bob conhece um grupo de mamíferos do pântano que são
desprezados pelos dinossauros. Em “O que Harris Sexual quis dizer?” há a
abordagem do assédio sexual sofrido pelas mulheres em empregos, além da
discriminação feminina, e a soberania do macho sobre a fêmea quando esta tenta
se defender de quaisquer indícios de abuso. Em “O casamento de Roy”, Dino e o
amigo são demitidos da empresa. Como a economia de Pangeia está em crise, o
Governo põe a culpa nos quadrúpedes e, claro, inicia-se o assédio moral contra
as mulheres. E em “A Guerra dos Pistaches”, a alusão à Guerra Mundial que
devastou continentes, travada por países em busca de algo que lhes era
benéfico, virou uma maneira de se explorar as ações extremas que levam as
pessoas ao conflito por causa de interesses pessoais.
21 – Embora com roteiros e críticas
adultas, o seriado caiu no gosto das crianças dos anos 90 no Brasil.
22 – A série recebeu muitas críticas
por retratar incoerências como dinossauros convivendo com seres humanos, pois,
tais seres viveram em períodos históricos diferentes. Como resposta, os
produtores disseram que era uma comédia sem pretensão de recriar a história da
Terra fidedignamente.
23 – A série nunca teve atores fixos
no elenco. Muitos intérpretes deram vida às personagens em distintas ocasiões.
Essas mudanças, no entanto, nunca eram percebidas pelos telespectadores porque
cada dinossauro tinha a sua própria voz, outra tecnologia inovadora para a
época. A ideia era satirizar a vida real, mas com lições profundas em cada
situação retratada em seus episódios.
24 – O seriado ironizou muitos
programas e emissoras de televisão dos EUA promovendo paródias debochadas,
afinal, a família Silva Sauro passava boa parte do dia em frente à TV. A
própria ABC (American Broadcasting Company), que exibia a obra, virou ABC –
Antedeluvian Broadcasting Company. A CNN (Cable News Newtwork) se tornou a DNN
– Dinossaur News Network. Emissoras como MTV (Music Television) teve sua versão
na série como DTV (Dinomusic Television) e a ESPN (Enterteinment and Sports
Programming Network) virou DSPN (Dinossaurs and Sports Programming Network).
Diante dessa ideia de ironizar a televisão americana, houve a necessidade de se
criar uma programação televisiva para a “Família Dinossauros” com filmes,
programas e apresentadores em um mundo paralelo. Nesse universo televisivo
jurássico, criou-se, de maneira humorada com “A Pequena Sereia”, a versão
pré-histórica do desenho da Disney intitulada como “A Pequena menina do fundo
do mar”. Na mesma pegada, usando a “DTV” para lançar novos talentos, Baby
mostrou toda a sua versatilidade ao cantar “Eu sou o Baby, você tem que me
amar” (“I’m the Baby”) em um clipe musical.
25 – “Dinossaurs” deveria ter virado
um filme e chegou a ser cogitada tal possibilidade durante quarta temporada (e
última), mas como a série entrava em um declínio de audiência, a Disney optou
por encerrar a produção temendo prejuízos futuros e o filme foi engavetado.
Dizia-se que o valor investido em cada episódio era entre 1 milhão e 1,5 milhão
de dólares. O motivo pelo cancelamento do seriado foi, além da queda de
audiência, o custo elevado, o que fez a Disney não arriscar uma nova temporada
por receio de gastos extremos sem retorno financeiro cabível.
26 – No episódio “Baby e suas
fraldinhas”, o pequeno dinossauro cantou uma versão da música “Born to be
Wild”, de Steppenwolf com o refrão “Sou metaleiro”.
27 – O episódio que gerou todo o
trauma no seriado jurássico foi o chamado “Changind Nature”, “Mudando a
Natureza”, no Brasil, e que causou impacto aos fãs. O capítulo foi censurado em
vários países por retratar a Era do Gelo, sendo considerado cruel e impróprio
para as crianças. Na história, Dino organiza um churrasco com a família para
celebrar a chegada dos besouros que comem as papoulas que crescem
desenfreadamente e precisam do controle natural dos insetos. Entretanto, os
predadores das plantas não aparecem e frustram a todos. Charlene descobre que
uma fábrica foi construída no pântano causando e extinção de todos os besouros
do planeta. Dessa forma, o ecossistema começaria a se transformar. Sem os
besouros, as plantas têm crescimento descontrolado e Dino decide aplicar veneno
em todas as plantações locais, que são destruídas. Sem os vegetais, por sua
vez, os dinossauros precisam de uma nova fonte de alimentos e, então, tem-se a
ideia de trazer as chuvas por meio da explosão de vulcões. No entanto, a
atitude inicia a Era do Gelo. A cena final traz a família reunida na sala, com
o último besouro restante, e a Terra congelada. As geleiras provocariam a morte
de todos os seres vivos daquele período. A câmera se afasta, com uma trilha triste,
mostrando a casa dos Silva Sauro sendo coberta pela neve. O correspondente da
DNN, então, diz suas últimas palavras, despedindo-se: “E agora uma previsão
de longo alcance: neve contínua, escuridão e frio extremo. Aqui é Howard
Handupme. Boa noite e adeus!".
Reuber Diirr
*********************************************************************************
Leia "Vestígios da Luz"
Jesus através da Música Pop !
http://vestigiosdaluz.blogspot.com
*********************************************************************************
Leia "Vestígios da Luz"
Jesus através da Música Pop !
http://vestigiosdaluz.blogspot.com
Nenhum comentário:
Postar um comentário